Imagine que um dia você vai ao médico para saber como está sua saúde. “Obviamente você está vivo, portanto sua saúde deve estar ótima. Esta consulta terminou, por favor pague na saída”, diz o médico. Ora, ao tentar saber como está sua saúde, você esperava que a capacidade do seu organismo se manter vivo e funcional fosse avaliada. O diagnóstico recebido é inútil, pois não agregou qualquer informação ao que você já sabia. Por essa razão diversos tipos de exame, tais como o de sangue, permitem monitorar parâmetros cuja variação, para além de uma faixa de “normalidade”, pode requerer um diagnóstico específico.
Nas chamadas indústrias de processo, tais como a química, a do petróleo e a nuclear, podem ocorrer eventos tão catastróficos quanto seria, para uma pessoa, a própria morte. Por esse motivo, nessas indústrias é indispensável que a certeza da plena capacidade de prevenir eventos catastróficos também resulte do monitoramento de parâmetros cuja variação se mantém dentro das respectivas faixas de normalidade.
Supor que um sistema complexo é seguro, apenas em razão de alguns anos sem catástrofes, é um raciocínio equivalente ao de alguém que se supõe saudável apenas porque ainda não morreu.
Esta me parece ser a ideia central do extenso corpo de conhecimentos chamado “Segurança de Processo”. Pense nisso antes de divulgar entusiasticamente que sua organização ou operação é segura porque está há “X” anos sem acidente.